sábado, 11 de abril de 2009

Está uma bela noite de lua cheia. O céu está limpo e todas as estrelas brilham, como que cantando luz. Está-se bem cá fora, não há brisa que arrepie os pêlos dos braços.
Olho o céu calmamente. Não penso em nada. Olho apenas. Sentindo a luz celeste em mim, quase me aquece...
Estás aqui também, sentado ao meu lado, consigo ver-te pelo canto do olho. Não dizes nada, apenas olhas o céu como eu, com um sorriso nos lábios.
A tua presença emana paz, deixa-me serena... É como se estarmos aqui estivesse escrito há já muito tempo. Como se nos conhecêssemos desde sempre. E, com essa certeza, olhamos um para o outro e começamos a conversar. Falamos, falamos... Durante horas... Do que vemos, do que sentimos, do que queremos, do que ambicionamos, do que nos faz rir, do que nos faz chorar, do que gostamos, do que fizemos, do que odiamos, do que amamos... Sobretudo do que amamos...
As vozes calam-se, e o céu ainda veste a noite; a lua ainda brilha redonda, as estrelas ainda cantam... Parece que o tempo parou desde que nos encontrámos neste lugar. Como se o mundo ganhasse sentido por estarmos aqui agora; uma calma harmonia. Basta um sorriso e compreendemo-nos completamente; sei que sim. Olhamos o céu de novo, calados.
Os pontinhos brancos parecem dançar, como que querendo dizer alguma coisa... Mas não entendemos o quê. Talvez não seja suposto sabermos certas coisas de antemão, mas sim deixar correr a brisa pelos nossos cabelos e ir descobrindo os desígnios do mundo a seu tempo... Não há pressa...

A lua esconde-se timidamente atrás de um prédio, as estrelas ficam silenciosas e mal se vêem, por causa das luzes na rua. Estou em casa, no meu apartamento e tu, claro, não estás aqui. Estás longe, entre as montanhas, a viver a tua vida, como eu vivo a minha.
Mas vejo-te pelo canto do olho, sempre. Tão longe, mas tão perto. De certeza a olhar o céu nocturno, como eu, com um sorriso nos lábios. Porque, no fundo, nunca saímos daquele lugar onde nos encontrámos... Onde os astros brilham e o mundo faz sentido.


da tua sempre amiga, Joana Gato